segunda-feira, 18 de maio de 2015

sunny sunday, rainy monday

rainy
monday

come to me
i'll make you tea
sing you a melody

sunny
sunday

wake up late
drink lemonade
and eat a cake

rainy
monday

stay in bed
rest your head
against my chest

sunny
sunday

come out to play
and forever stay
with me, so safe

rainy
monday

don't feel sad
don't go mad
love me, instead

sunny
sunday

take with you
these monday blues

bring endless joy
for girl and boy

segunda-feira, 27 de abril de 2015

noite de lua, beira do mar

noite de lua
noite de amar

beira da rua
beira do mar

noite de lua
noite de amar

eu e você
na beira do mar

segunda-feira, 20 de abril de 2015

yellow daisies

two lovers
on a bench
kissing under
the starry sky

two roads
crossing over
for the very
first time

little birds
painting colors
on walls
of white

little kids
playing
and singing
lullabies

friendly
yellow daisies
all over
the site

a brave
young couple
starting
a new life

such
lovely
sights

from a
single
night

sábado, 18 de abril de 2015

Pet Shop Amoroso

O pássaro
Chegou de mansinho
Fez em mim seu ninho
Depois voou

O gato
Chegou com cuidado
Ronronou em meu peito
E fugiu ligeiro

O peixe
Mergulhou em meu âmago
Nadou em minhas veias
E partiu em lágrimas

O rato
Roeu minhas entranhas
Ofereceu-me barganhas
E correu no ato

O cão
Foi fiel e valente
Mas muito carente
E passei adiante

Restaram poucos bichos
Para tentar amar
Quem sabe tenho sorte
Com um tamanduá?

quarta-feira, 18 de março de 2015

Fuga (2008)

*Publicado na coletânea do VII Concurso Municipal de Conto de Niterói em 2008
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Ela queria fugir. Não sabia pra onde, não sabia como. Só sabia que não agüentava mais ficar onde estava. Fechou os olhos, respirando profundamente, a cabeça e as costas apoiadas na porta que batera com força. Não agüentava mais tudo aquilo. Queria ir embora, ir pra bem longe, e não ter mais que suportar tanto sofrimento.
       Ela tinha tanta mágoa, tanta dor, que nem lembrava mais o que era ser feliz. Nem sabia mais como sorrir. Não vivia; sobrevivia. Passava os dias da mesma forma, sem nenhuma mudança, nenhuma melhora. Sua vida continuava do mesmo jeito que sempre fora, medíocre, e isso lhe doía cada vez mais. A cada ano que passava, a consciência da sua desgraça aumentava. E ela não podia mais agüentar.
       Trancou a porta do quarto, e se permitiu deslizar por esta até sentar-se no chão, a cabeça pendendo para o lado, as lágrimas se segurando para não rolarem por seu rosto, adiando o choque entre a água morna de seus olhos na bochecha ainda quente da bofetada que levara. Apertou os olhos ainda mais forte, impedindo as famigeradas de lavarem seu rosto de porcelana. Por quê? Por que ela tinha que passar por tudo aquilo? Por que não podia ter uma vida normal, como todo mundo?
      Abriu os olhos lentamente, encarando seus pés nas botas de cadarço que iam até quase nos seus joelhos. Abraçou as pernas e enterrou a cabeça entre os joelhos, chorando toda a sua tristeza.
       Cessou o choro, e se arrastou pelo chão até uma tábua solta no assoalho. Soltou a tábua com cuidado, retirando de dentro do buraco no chão algumas notas de dinheiro enroladas num elástico, e uma pequena caixinha preta, que continha uma corrente de ouro com um medalhão, que fora da avó. Beijou o medalhão, e o colocou em volta do pescoço, escondendo-o por baixo da blusa preta. Ergueu-se agilmente, escutando a mãe bater na porta. Ignorou o chamado.
       Abriu a porta do armário, tirando de dentro uma mochila grande e vermelha, e começou a meter ali algumas roupas e qualquer coisa que lhe fosse útil; meteu também o dinheiro, alguns livros e CD’s que estimava, assim como seu disc-man, um caderno e uma caneta; não podia ficar sem escrever. Vestiu o casaco de capuz, jogou a mochila nas costas e saiu do quarto. A mãe estava na área de serviço, e não viu quando ela fechou a porta da casa atrás de si, deixando um pedaço de folha de caderno rabiscado no chão: “Adeus”    
       Sua vida sempre fora igual desde bem pequena; ela não lembrava direito se um dia fora diferente. Morava num apartamento pequeno, de dois quartos com a mãe e o pai, que brigavam constantemente pela falta de dinheiro. A lembrança mais remota de Lúcia era de estar ali, no mesmo quarto, encolhida num canto, escutando a briga entre eles.
      O tempo foi passando, e ela foi crescendo naquele ambiente instável, o pai e a mãe sempre infelizes, trabalhando fora em tempo integral para sustentar a ‘família’.
       Lúcia cursava o Ensino Médio, e quando não estava na escola estava andando a esmo pelas ruas ou trancada no quarto escrevendo e escutando música. Não gostava de fazer as tarefas domésticas, só fazia-as quando era obrigada pela mãe, que sempre reclamava de a filha ser uma imprestável. Mas a garota nunca se deixou magoar por essas ofensas; já estava acostumada. Mas sonhava em melhorar a sua vida, e a da mãe também, para que essa parasse de infernizá-la com suas queixas e injúrias.
        Agora, com seus dezessete anos, às vésperas do vestibular, não sabia que rumo dar à sua vida. E era tanta pressão: da escola, da mãe, do pai, do mundo. Sempre fora uma aluna exemplar, sempre ganhara bolsas de estudos na escola, mas nesse último ano, estudar parecia impossível. Não tinha ânimo, não tinha vontade de estudar, de viver, de ser alguém; a mãe sempre lhe atirava na cara que acabaria uma fracassada, como ela; talvez fosse verdade. Não, tinha que ser forte; tinha que lutar para ser alguém melhor, alcançar os seus sonhos.
       E quais eram os seus sonhos? Atualmente, deixar aquela casa, aquela vida que a fazia doente. E depois? Depois, não sabia. Descobriria um jeito de ser feliz. Longe dali.
      E naquela tarde, tinha sido a gota d’água. Chegara em casa com uma nota baixa em uma prova, e a mãe lhe recebera com tapas e palavras duras. Pensando bem, a surra não fora despropositada. Já há algum tempo Lúcia vinha desrespeitando a mãe, não cumprindo suas ordens e chegando sempre tarde em casa. E ela nunca estudava, correndo o risco de perder a bolsa de estudos e acarretando mais problemas financeiros. E o recente problema alcoólico do pai estava deixando sua mãe ainda mais louca e sem saber o que fazer. Teve pena. Mas, ao mesmo tempo, achou que a melhor maneira de ajudar sua pobre mãe seria indo embora para sempre, já que ela era mesmo um estorvo tão grande. Com esse pensamento, atravessou a rua movimentada do centro da cidade, já fora do prédio em que desejava não ter mais que morar, caminhando em direção à rodoviária.
       Mesmo decidida a trilhar seu caminho sozinha no mundo, numa outra cidade, entre favores, caronas, bicos e qualquer coisa que aparecesse, continuava a se sentir culpada por deixar a mãe. Mesmo que essa nunca tenha parecido amá-la. Do pai, sabia que não sentiria saudades; tinha ódio de tudo o que ele fizera a ela e à sua mãe, e novamente pensou em como ela sofreria sem a filha para ampará-la. Estaria Lúcia sendo egoísta ao pensar somente em sua felicidade? Afinal, se sua mãe cobrava tanto que ela tirasse boas notas e conseguisse entrar numa faculdade pública, não é por que ela a amava e queria o melhor para ela?
       No saguão da rodoviária, que não era tão longe de sua casa, viu várias pessoas de todos os tipos, indo e vindo de vários lugares. Para onde ela deveria ir? Qual seria o seu lugar no mundo? Londres, pensou, com um sorriso amargo. E percebeu que fugindo dessa maneira ela só estaria tornando o sonho mais impossível ainda. Mas, talvez, ela pudesse ser descoberta em algum bar de uma cidade qualquer, como uma excelente cantora e então ficar famosa e ir morar em Londres. Acontecia o tempo todo, certo? Não, pensou Lúcia novamente. Nem ela acreditava mais nas próprias mentiras que inventava para se sentir melhor.
       A garota permaneceu na rodoviária até anoitecer, o que durou mais ou menos umas duas horas, pensando no que fazer.
       E, então, veio o medo. O medo de se descobrir sozinha no mundo, sem família, sem amigos, sem casa, sem ninguém. Sozinha num bar de beira de estrada, sob condições que ela nem queria imaginar. Pensou no que a mãe faria quando visse que a filha tinha fugido. Ficaria satisfeita? Ligaria para a polícia e lhe daria uma surra quando a encontrassem? Ou será que nem se importaria? Ou, quem sabe, ficaria terrivelmente abalada e se arrependeria de todo o mal que lhe fizera?
       Ela não podia fazer isso. Não podia simplesmente ir embora. Afinal, que tipo de filha era ela? Que tipo de ser humano abandona a mãe à própria sorte, quando esta nunca fez nada mais que desejar que ela fosse feliz, mesmo que expressasse tal desejo de forma meio torta? E, depois, Lúcia e a mãe nem sempre foram inimigas. Quando ela era criança, sua mãe era sua maior heroína, seu refúgio. Mas, com a chegada da adolescência e das grandes crises familiares, as duas mulheres foram se afastando. Mas ainda havia tempo. Elas podiam voltar a ser amigas. Só precisavam conversar. Nem tudo tinha que ser resolvido com brigas e lágrimas. Ainda havia esperança, certo?
       Lúcia correu de volta para casa e, quando ia atravessar a rua em frente ao prédio que morava, avistou a mãe, aos prantos, sendo amparada pelo porteiro, olhando por todos os lados, procurando. Olhou para a frente, viu a filha, e sorriu de alívio. “Mãe...” A garota chorou, e antes que pudesse fazer qualquer movimento, a mãe veio em sua direção, atravessando a rua sem olhar para os lados. Um carro buzinou e freou antes que uma tragédia acontecesse, e mãe e filha se encontraram no meio da rua, parando o trânsito, em meio a buzinas e xingamentos dos motoristas irados.
     “Me desculpa, mãe, eu não devia ter ido embora...” “Minha filha, vamos conversar em casa. Eu sei que as coisas estão confusas, mas nós duas vamos conseguir resolver isso juntas.”

      O porteiro encaminhou mãe e filha de volta para o prédio antes que o guarda pudesse multá-las por obstruir o trânsito, e as duas voltaram para casa, abraçadas e de mãos dadas.

sábado, 29 de novembro de 2014

27/11/2014

Não foi como eu pensei que seria.
O lugar, a hora, o cabelo, nada foi como imaginei. 
Mas aconteceu mesmo assim.
Desci do ônibus em um sinal fechado, o vento cobriu de cabelos o meu rosto. 
Descobri meus olhos e lá estava você.
De tantas maneiras imaginei esse momento, em tantos cenários... Mas esqueci de pensar no que diríamos um pro outro. Não havia o que dizer, na verdade. Um riso nervoso. Um suspiro dolorido. Os assuntos de praxe (como foi a viagem, e a faculdade, como está). Olhares que refletiam o passado. E as coisas que realmente importavam, carregadas para longe pelo vento. Tchau. Tchau.
Você vai embora na sua bicicleta sem olhar pra trás uma vez. 
Eu olho três. 
Penso que se tivesse ocorrido como imaginei, o fim teria sido o mesmo: você lá com sua vida e eu cá com minhas palavras. Aquelas que não tenho coragem de dizer e você já não tem interesse em ouvir. 
Tudo agora é passado.
Olho pra trás mais uma vez e já não te vejo; dobrou a esquina.
Só me resta, enfim, seguir em frente.

domingo, 10 de agosto de 2014

Da janela

O beijo dos amantes na calçada, 
diante dos passantes que, na chuva, 
desviam do romance que se passa 
em plena tarde.

E o casal 

entrelaçado

ignora os apressados

passantes

continuando seu

romance

com o beijo 

apaixonado

- e molhado.

E                                               
   .
  da janela
               .
               do ônibus
                             .
                             que já
                                      .
                                      se move
                                                  .
                                                  observo
                                                              .
                                                               e choro
                                                                       .
                                                                        porque 
                                                                                  .
                                                                                  ainda
                                                                                         .
                                                                                         chove.



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Verborrágica

Eu não escolho as palavras nem o momento.
Só percebo elas vindo quando já é tarde demais para segurar.
O bolo se forma na garganta, os dedos nervosos rabiscam ou digitam o que vem em seguida: uma onda de letras, sílabas, frases, às vezes relacionadas entre si, muitas vezes soltas e perdidas buscando um contexto.
Mas o contexto sempre está lá, o contexto sou eu.
O que elas dizem, elas dizem de mim.
Haja letra, haja palavra!
Pra dizer o que eu me recuso a dizer, pra dizer o que engulo a seco sem ninguém saber, pra expressar o que os olhos dizem tão bem mas a língua falha em reconhecer.
Haja motivos, haja noites em claro!
Pra que eu não deixe passar em branco tantas ideias que correm soltas pela minha mente, tantos pensamentos que se libertam de correntes para repousar em letras numa tela.
A mesma tela que se cobre de branco e que repele tinta quando eu preciso pintar mas que absorve todo tipo de fluido e pigmento quando a necessidade falta.
Porque poesia não é técnica, não é habilidade que se põe em prática, não é coisa que vem a qualquer hora.
Há que se esperar e acumular muitas palavras não ditas, muitas vidas perdidas, muitas ânsias proibidas e então esperar.
Esperar o bolo se formar, esperar o jorro de letras, e esperar que formem algum sentido, que atendam os seus pedidos, que digam o que nunca foi dito.
E saber que passado o enjoo, ele vem e recomeça, num ciclo infinito.
Eu não escrevo as palavras, eu não escrevo os momentos.
Eles me escrevem.