sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Palavrinhas

Que alegria ler suas palavras bem dispostas no papel dobrado com carinho e entregue aos meus cuidados. Sinto nessa letra miúda todo o sentimento que queria expressar, mas só consegue liberar um pouquinho, em versinhos, porque é muito tímido. Gosto dessa timidez, porque também sou tímida, e me sinto um pouco menos quando vejo que você é bem mais do que eu.

Mas eu gosto assim, de trocarmos bilhetinhos secretos, supostamente anônimos, sem nunca falar sobre eles, mesmo quando estamos a sós, no pátio do colégio, só observando as nuvens. Gosto muito de você, e acho que nem desconfia.

Mas eu gosto assim.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Desejos Engarrafados

... são aqueles
desejados
com carinho
em silêncio
bem guardados
enterrados
lá no fundo
bem junto
de outros fados.
E depois de
engarrafados
passam a ser
reprimidos
retraídos
esquecidos
para sempre
para sempre
esquecidos.

Mas um dia
a tampa
abre
e de
dentro
da garrafa...




...jorram sonhos, jorram beijos, e desejos, e sorrisos, e festejos,

e amores e carinhos e abraços e beijinhos

e segredos, bem secretos, que se espalham como água, derramados pelo chão,

se infiltrando pelos cantos e inundando de paixão

todos que guardaram, bem guardados, em garrafas, seus desejos, mais profundos e que agora querem ser



realizados.

Impressões

Mais uma bela tarde de inverno se encaminh para o fim e consequente início de uma noite fresca de lua branca a brilhar no céu. Mas o sol ainda desponta sobre o azul pálido da abóbada celeste. As nuvens brancas e esparsas parecem flutuar, lânguidas, preguiçosas.

Passando de ônibus pelo aterro, detive meu olhar em uma certa árvore na esquina da rua do Russel, na Glória. Há algumas semanas, lembro de ter visto suas folhas amarelas cobrirem o gramado verde. Agora seus galhos compridos e altos ostentavam uma quantidade infinita de frutos vermelhos e amarelos, vistosos e inalcançáveis. Lindos frutos que não sei nomear, não sou muito entendida de botânica. Mas como eu gostaria de ter uma câmera em mãos naquele momento, que fosse pequena e bem simples, só para registrar todas as belezas que encontro nesse mundo cheio de surpresas.

Naquele momento que durou menos de um minuto, eu só tinha meus olhos e palavras para descrever o fascínio que aquela árvore, seus frutos, o céu, as nuvens, a lua que já aparecia, o mar - azul, imenso, convidando para um mergulho - exerceram sobre mim naquele fim de tardede um simples dia de agosto.

Acho que se todos os dias fossem belos como esse, eu poderia morrer de suspirar...

11/08/2011