quinta-feira, 7 de março de 2013

Declaração de amor literária

Há mais ou menos uma semana terminei de ler o livro Reparação de Ian McEwan, o qual eu comprei em julho do ano passado na 10ª edição da Feira Literária Internacional de Paraty, em que o autor inglês participou. Eu já o conhecia de nome e tinha visto a adaptação para o cinema, Desejo e Reparação, que amei. Depois de ouvir o autor falar sobre processos narrativos, construções de enredos e personagens, eu precisava ver na prática tudo o que ele tinha dito. Por falta de tempo e organização, o livro ficou na minha fila de leitura por um tempo, mas em fim de dezembro, início de janeiro, resolvi que era hora de lê-lo - até porque estava indo para a terra do autor.
 
Ainda estou encantada. Completamente arrebatada pela escrita de McEwan. A narrativa rica em detalhes, não só na descrição de cenários, mas na construção dos personagens, no que eles pensam e sentem. McEwan cria personagens tão vivos que faz crer que são pessoas de verdade. E bem, são. Pessoas que vivem nas páginas dos livros e na imaginação do leitor.
Capa da edição que eu comprei em Paraty e trouxe pra ler aqui.

Acho que posso dizer que Ian McEwan é o melhor autor que li até agora (lado a lado com o francês Emmanuel Carrère). Até agora. Leio muito, mas a verdade é que ainda conheço pouco desses autores com A maiúsculo. Perto dos meus amigos que trabalham no meio editorial, eu não sei de nada. Mas estou chegando lá, aos poucos, devagarzinho. Aprendendo e descobrindo o que é bom.

Sinopse do livro (Companhia das Letras):

Na tarde mais quente do verão de 1935, na Inglaterra, a adolescente Briony Tallis vê uma cena que vai atormentar a sua imaginação: sua irmã mais velha, sob o olhar de um amigo de infância, tira a roupa e mergulha, apenas de calcinha e sutiã, na fonte do quintal da casa de campo. A partir desse episódio e de uma sucessão de equívocos, a menina, que nutre a ambição de ser escritora, constrói uma história fantasiosa sobre uma cena que presencia. Comete um crime com efeitos devastadores na vida de toda a família e passa o resto de sua existência tentando desfazer o mal que causou.
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=87001

Quanto ao filme, é de um primor e beleza indescritíveis. Não é à toa que ganhou o Globo de Ouro de melhor filme de drama em 2007 e foi indicado aos Oscars de melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante. Ganhou o Oscar de melhor trilha sonora, concebida por Dario Marianelli (que também fez a trilha sonora de Orgulho e Preconceito e de Anna Karenina, recentemente nos cinemas. Todos os três filmes tem direção de Joe Wright e Keira Knightley no papel principal. Esse trio arrasa).

O que mais me emociona no filme é a beleza da adaptação. Adaptar literatura para o cinema não é fácil e nem toda adaptação é bem feita. É muito comum o leitor se decepcionar com a versão cinematográfica do livro. E um livro como Reparação, onde os sentimentos e pensamentos tem mais espaço do que as ações, pelo menos na primeira parte do livro, fica ainda mais difícil saber o que mostrar e o que não mostrar e como mostrar, sem deixar a essência de lado. Nisso, o trabalho dos atores é impecável. Por mais que o filme não revele todas as perturbações que passam na cabeça dos personagens, é possível entender pelas poucas falas e gestos dos intérpretes tudo aquilo que está escondido, todo o subtexto que não está acessível num primeiro momento.

Isso, combinado à fotografia de tirar o fôlego: a luz do sol nas cenas externas, a plasticidade bucólica dos jardins, o foco no detalhe; todo o filme carrega uma aura impressionista, como se fosse uma pintura em movimento.

Estou muito apaixonada pelo livro e pelo filme, tudo o que tenho a dizer é: leiam e assistam!