sexta-feira, 30 de abril de 2010

Hoje é Festa

Hoje é diferente de ontem
Que era o hoje de anteontem
E que vai ser o ontem de amanhã

Hoje não quero tristeza
Hoje não quero briga
Hoje não quero dor

Hoje só quero alegria
Hoje só quero riso
Hoje só quero amor

Sei que o ontem pode ter sido triste,
mas isso não me interessa
Sei que o amanhã pode ser triste,
mas isso também não me interessa

Porque hoje...
Hoje é festa!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nada com nada

Hoje não quero nada com o mundo.
Quero ficar soterrada sob uma montanha de lençois, colchas e travesseiros.
Hoje não quero nada com ninguém.
Quero ficar completamente só, sozinha, quieta.
Hoje não quero pensar em nada.
Quero esquecer toda a confusão que me atormenta.
Hoje não quero pensar no que que poderia ter sido.
Quero fingir que nada nunca aconteceu. Porque nada nunca aconteceu.
Hoje não quero ter que explicar nada.
Quero dizer o que sinto sem ser interpretada de maneira alguma.
Hoje não quero sonho, fantasia ou conto de fada.
Quero a realidade dura, crua e rasgada. Mais nada!
Hoje não quero nada com você.
Quero desistir de qualquer ideia louca que me tenha passado pela cabeça.
 
Cansei de sonhar, de fingir, de imaginar. Quero dormir, esquecer, fugir. Pular logo essa parte de sofrer e ir logo pra parte de seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Porque afinal nada aconteceu. Foi apenas um pesadelo muito conturbado. E ainda bem que eu já acordei.
 
E isso tudo não tem nada a ver com você. Nem com ninguém. Não tem nada a ver com nada.
 
E ponto. Final.

domingo, 25 de abril de 2010

Ação

Ela parou de andar ao lado da grade do mirante e ficou de frente para ele.
 
- Então, o que estamos fazendo?
- Achei que estivéssemos tomando milkshake.
Ela revira os olhos e o encara mais firmemente.
- Não, eu quis dizer: o que nós estamos fazendo? O que estamos fazendo?
- Ah...
Ele pára, joga o copo numa lixeira próxima e olha para ela, pensando.
- Eu não sei. Achei que estivéssemos curtindo.
- Sabe, no início parecia incrível, misterioso, mágico... Mas agora... Agora... Eu não sei de mais nada! Eu não entendo você, você não me entende... A gente obviamente não se comunica muito bem... No entanto gostamos da companhia um do outro e às vezes conversamos sobre muitas coisas...
- Você não gosta?
- Gosto... Não sei. Mas o que é isso? Sabe, o que nós somos? O que nós temos? Eu não sei pra onde estamos indo nessa história. Nem sei mais se realmente temos alguma coisa.
- Espera, é claro que nós temos alguma coisa... Mas desde o início combinamos que não colocaríamos um nome nisso...
- Eu sei. Eu sei... Mas isso me incomoda. Eu não sei o que estamos fazendo, eu e você. Não sei o que somos.
- Mas você lembra o que combinamos? De sermos pacientes? Pra não corrermos o risco de acabar nos magoando...
- Sim, eu lembro. E foi um bom plano. Mas o problema é que agora eu já estou magoada antes mesmo de termos começado.
Ela remexe os cabelos e apoia os braços na grade, encarando a cidade lá embaixo. Pausa. Ela volta a falar.
- Eu sinto que falta alguma coisa. Você não acha? Que falta alguma coisa?
 
Ele parou ao lado dela, o cotovelo apoiado na grade. Pensou. Olhou. Ela ansiava por uma resposta, olhava-o intensamente. O vento bagunçava aqueles cabelos castanhos que ela se empenhara tanto em arrumar, mas ela não ligava. Ele afastou uma mecha de cabelo e prendeu atrás da orelha. Ela continuava encarando-o, muda.
 
Durante todo aquele tempo ele esperara. Esperara que se conhecessem melhor, que ficassem amigos. Esperara pelos momentos certos para iniciar uma conversa ao telefone. Esperara pela hora certa de chamá-la para sair. Sempre esperava por uma palavra dela para ter certeza de que o que tinham era recíproco.
 
Ali, vendo-a com aquele olhar angustiado de quem já não aguenta mais tanta espera, sentiu pela primeira vez que podia começar a perder tudo isso que tinham (ou que chegariam a ter um dia). E como quem anda por dias num deserto e finalmente bebe um copo d'água, ele cansou de esperar: agiu.

sábado, 17 de abril de 2010

Ficções Favoritas

Romeu e Julieta trocando juras no balcão;
Elizabeth e Mr. Darcy dançando no salão;

Bridget e M. Darcy aos beijos sob a neve caindo;
Bonequinha de Luxo e o escritor beijando-se na chuva;

Rose e Jack num navio naufragando;
Will e Elizabeth num navio pirata se casando;

Bella e Edward dançando ao crepúsculo;
Rory e Jess conversando numa livraria;

Ariel e Eric num barquinho num lago iluminado;
Bela e Fera valsando num castelo encantado;

Lily e James brigando no jardim;
Michael e Mia num baile de escola.

Tantas histórias já vivi,
Tantos personagens já encarnei...

Mas só me interessa agora
Saber qual será minha história.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sei lá.

Às vezes queria não sentir as coisas que sinto. Ser menos do jeito que sou. Mas se não fosse como sou, seria como, seria quem? Acho que não posso fugir de mim.
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Não tenho nada a dizer há alguns dias. Nem sei se estou dizendo algo agora. Mas eu li as coisas que ele escreveu. E pensei nas coisas que ele me escreveu. E nas coisas que eu escrevi e que escrevi pra ele. Não é que tenha sentido saudade. Mas o vazio se acentua mais nessas horas. E não é que eu queira tudo aquilo de novo. Não quero. Mas acho que a gente sempre guarda um lugarzinho praquilo que foi bom. E quando lembra, fica pensando porque acabou. A gente sabe porquê e não se arrepende. Mas fica no ar aquele "e se...?". Fica no ar, mas é só passar um vento que voa longe e a gente logo esquece e volta pra realidade, pro agora, deixa o passado onde deve ficar. E fica feliz de novo.
Então... estou esperando o vento passar.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Carta

Eu estou te vendo agora. Você pensa que não, mas eu estou. E reparando cada ínfimo detalhe que você pensa passar despercebido. Sabe aquela flor pequenininha que você desenhou no canto do caderno enquanto todo mundo copiava o enunciado do quadro? Eu vi. E vi também quando você limpou uma lágrima que escorreu do seu olho quando viu aquela imagem forte demais que o professor estava nos mostrando. Não se preocupe, ninguém mais viu sua fraqueza. Só eu. E sabe, não acho que seja mesmo uma fraqueza. Admiro muito essa sua sensibilidade. Você talvez não saiba, mas eu admiro muitas outras coisas em você. É verdade. Ah, e agora você está sorrindo. E não é pra ninguém em particular ou de alguma coisa que tenha visto. Eu sei que não é nada disso. Sei que você está sorrindo pra si mesma. Porque está feliz consigo mesma. É a sua piada interna. Adoro isso em você. Também adoro o jeito como você escreve freneticamente num caderninho enquanto todos estão fazendo outra coisa. O que eu não sei é o que você escreve, mas imagino que coloque todos os seus pensamentos ali, pra esvaziar um pouco sua mente cansada. Porque eu vejo o seu ar de cansada quando fica muito tempo quieta olhando pela janela ou para algum canto na parede. Sei que nesses momentos você divaga, viaja por vários lugares e pensa muitas, muitas coisas, e sente também, muitas coisas. E isso te cansa. Pensar e sentir. Não é problema nenhum, sabe. Acho que todo mundo se cansa disso também. Mas cada um tem um jeito de lidar com a própria alma cansada. E você lida com ela escrevendo no seu caderninho. Você agora deve estar vermelha lendo tudo isso (e saiba que você fica linda assim, envergonhada, embora eu prefira quando você se sente à vontade); mas não se preocupe, seus segredos estão a salvo comigo. Não vou espalhá-los por aí. E se você tem medo de mim porque eu sei tudo isso de você, não tenha. Não precisa ter medo de mim. Só... fique feliz. Porque eu gosto quando você fica feliz. Eu gosto de você do jeitinho que você é. Assim, tão doce, e às vezes tão triste; mas sempre misteriosa. E se você estiver se perguntando porque eu resolvi te dizer tudo isso... bem. Acho que eu não podia mais conter tudo isso dentro de mim. Por mais que eu seja capaz de guardar muitas coisas bem escondidas, isso eu já não queria mais guardar. Por isso estou compartilhando com você. Espero que não se importe.
M.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Determinação 2

,no meio de toda aquela chuva, de todo aquele caos, ruas alagadas, pessoas morrendo, carros submersos, a cidade em estado de calamidade, as autoridades aconselhando as pessoas a não sair de casa, toda aquela loucura...

... ele finalmente chega, num bote a remo, em frente à casa, bate na porta, sorrindo, ela abre, olha, espantada, feliz, chocada, sem palavras, sem reação e ele fala: Eu não disse que atravessaria rios e lagos por você?

Ela bate a porta e deixa ele lá fora, na chuva.

Determinação

,no meio de toda aquela chuva, de todo aquele caos, ruas alagadas, pessoas morrendo, carros submersos, a cidade em estado de calamidade, as autoridades aconselhando as pessoas a não sair de casa, toda aquela loucura...

... ele finalmente chega, num bote a remo, em frente à casa, bate na porta, sorrindo, ela abre, olha, espantada, feliz, chocada, sem palavras, sem reação e ele fala: Eu não disse que atravessaria rios e lagos por você?

Ela sorri, chora, se emociona e deixa ele entrar.

domingo, 4 de abril de 2010

Telefonema

- Oi, ta acordada?
- To... [bocejo]
- Desculpa, você tava dormindo... Eu ligo amanhã.
- Bobagem. Já acordei mesmo. O que é?
- Ah. Não é nada. É só... Volte a dormir, amanhã nos falamos.
- Não, diz. To ouvindo.
- É que... Ah, é bobagem...
- Fala. Agora.
- Ta bom. Vai até a janela.
- Ok... To chegando na janela... Ah!...
- É.
- É tão... Linda! Nunca vi assim, tão grande, tão redonda.
- Nem eu.
[pausa]
- Hum.
- É... Bem, era isso. Queria que você visse. Só. Pode voltar a dormir.
- Obrigada. [sorriso]
- Pelo quê, pela lua? De nada...
- Não. Por ter ligado.
- Ah... É... De nada.
- Vou dormir. Boa noite.
- Boa noite... [suspiro]

sábado, 3 de abril de 2010

Bobagens

Elas não podem ser ditas, assim me disseram. Discordo. É possível dizer tantas bobagens numa só frase! Talvez a questão seja: definir o que é bobagem e o que não é. Acho que depende do contexto. Da pessoa que fala e da pessoa que ouve. É assim com todo discurso, na verdade.
 
Mas com bobagens... É mais relativo. O que eu digo pensando ser bobagem pode soar com importâcia para outra pessoa. Ou talvez eu tire algo de extrema relevância do fundo de minha alma que, quando traduzido em palavras, soe como a maior bobagem do mundo. Bobagens são temperamentais.
 
Bobagens são coisa muito especial. Há quem pense que são apenas bobagens, mas não são não. São ricas, tão ricas! Não há nada de bobo nelas. Mas então por que são bobagens? Ora, porque... Porque quando saem de dentro da gente parecem tão frágeis. Tão indefesas. Pedacinhos de nossa alma tímidos demais para serem considerados importantes. "O que está pensando?", "Ah, nada, bobagem". É sempre bobagem. Mas nunca é de fato. Sempre é coisa importante.
 
Bobagem é aquilo que a gente diz com medo de parecer bobo. Já começa justificando: "Olha, é bobagem...". Favor não confundir com besteira ou bobeira: essas me são outra coisa que aqui não cabe explicar. Voltemos às bobagens. Bobagem é subestimada. Ninguém leva a sério. Mas deveria. Bobagens dizem muito.
 
Aliás... Concordo. Bobagens não podem ser ditas. Elas falam por si só. E as minhas dizem que há algo de muito bobo no motivo de eu ter escrito tudo isso. Mas quem disse que bobagem não tem importância? Tem bastante. E é por isso que escrevi. E me sinto assim tão boba.