domingo, 2 de maio de 2010

Asa Delta

- Então é assim que você se sente quando ta aqui? - perguntou ela, finalmente desviando o olhar da paisagem lá embaixo, tão longe, tão pequenininha.
- Depende do que você quer dizer.
- Essa sensação de liberdade, de sentir o vento vindo de todos os lados, esse medo enorme de cair e ao mesmo tempo medo nenhum, as borboletas voando no estômago feito loucas, uma vontade absurda de rir e chorar ao mesmo tempo...
- É, bem isso.
 
Ficaram calados por alguns minutos. Ela aproveitava aquela sensação única de estar ali voando sobre a cidade junto da pessoa que mais a interessava no momento. Não que as outras não fossem tão importantes. Mas aquilo era algo diferente, novo, inusitado. Ela tinha que aproveitar cada instante em que estavam juntos.
 
Desejava que os cabelos não estivessem tão curtos para senti-los esvoaçando, mas contentou-se em observar os compridos cabelos dele balançando ao vento. Sorriu com a ideia de passar os dedos naquelas mexas castanhas mais tarde. Sorriu com muitas ideias. Sorriu para o sol, para o mar, para a montanha...
 
Quando puseram os pés de volta ao solo, tão logo ele os livrou do equipamento ela o agarrou e os jogou na areia branca e macia, cobirndo-o de beijos.
 
- Obrigada por hoje! Queria poder me sentir assim todos os dias! Sorte a sua poder voar assim sempre! - exclamou ela, olhando-o feliz. Ele apenas sorriu e disse:
- Eu não preciso voar pra me sentir desse jeito. Você já me faz sentir assim todos os dias. Com ou sem asas.
Ela sorriu-lhe docemente e o beijou mais uma vez. Ele tinha razão. Pra quê asas quando se está apaixonado?
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P.s.: Apaixonados não precisam de asas para voar, mas um bom para-quedas à mão é sempre útil.

3 comentários:

Anônimo disse...

O Para-quedas depende:
tem gente que gosta da queda livre.

Luiza disse...

Faz sentido. Mas é sempre bom deixar bem claras todas as opções.

Sam disse...

Isso é verdade, é bom ter um paraquedas pra abrir sempre que necessario, frio na barriga tem limite, nao?
adorei!