Solidão é uma folha caída.
Sozinha, no chão.
Todas as outras folhas ainda estão na árvore.
A que caiu primeiro é a que sofre mais.
Fica só, à espreita, à espera
que as outras também caiam.
Só pra lhe fazer companhia.
Solidão é uma folha caída.
Tão frágil em sua singularidade.
Tão singular em sua fragilidade.
Sozinha, no chão.
Longe dos galhos onde sempre viveu.
Desprotegida e simplesmente, só.
Solidão é uma folha caída.
Sozinha, no chão.
É também despedida.
De algo que nunca veio,
e você sempre esperou.
Solidão é uma folha caída.
Sozinha, no chão.
Mas uma hora as outras folhas caem também.
E fica tudo bem.
Um comentário:
Confesso que li pela primeira vez e não gostei e nem comentei. Na verdade, é que eu olhei por um lado: É como esperar os outros caírem. Talvez seja a ordem natural, talvez seja a não-ação que me incomode. Talvez tenha sido a abordagem superficial. Não gostei.
Mas quando li hoje, achei uma poesia perfeita. Mas de um certo viés que talvez nem tenha sido o pensamento: a maturidade.
Não importa muito o que você tinha em mente agora, está criado e pra mim, na minha interpretação, é bem pensado, é muito bom
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