segunda-feira, 7 de junho de 2010

Solidão é uma folha caída


Solidão é uma folha caída.

Sozinha, no chão.

Todas as outras folhas ainda estão na árvore.

A que caiu primeiro é a que sofre mais.

Fica só, à espreita, à espera

que as outras também caiam.

Só pra lhe fazer companhia.


Solidão é uma folha caída.

Tão frágil em sua singularidade.

Tão singular em sua fragilidade.

Sozinha, no chão.

Longe dos galhos onde sempre viveu.

Desprotegida e simplesmente, só.


Solidão é uma folha caída.

Sozinha, no chão.

É também despedida.

De algo que nunca veio,

e você sempre esperou.


Solidão é uma folha caída.

Sozinha, no chão.

Mas uma hora as outras folhas caem também.

E fica tudo bem.

Um comentário:

Dos Sonhos disse...

Confesso que li pela primeira vez e não gostei e nem comentei. Na verdade, é que eu olhei por um lado: É como esperar os outros caírem. Talvez seja a ordem natural, talvez seja a não-ação que me incomode. Talvez tenha sido a abordagem superficial. Não gostei.

Mas quando li hoje, achei uma poesia perfeita. Mas de um certo viés que talvez nem tenha sido o pensamento: a maturidade.

Não importa muito o que você tinha em mente agora, está criado e pra mim, na minha interpretação, é bem pensado, é muito bom