segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A mosca

Com a luz do sol a penetrar por entre o vidro das janelas, é possível saber que lá fora é verão e faz calor. Do contrário, só se poderia imaginar, já que dentro a temperatura beira os menores graus da escala Celsius. Uma mosca voa agoniada pela sala, batendo repetidamente no vidro que mostra o mundo acalorado lá fora, tentando assim inutilmente escapar do frio que não lhe é natural.


Eu mesma muitas vezes me identifico com essa mosca, não em relação a uma situação climática desfavorável, mas em relação a diversas situações angustiantes. Muitas vezes me vejo (e, acredito, muitos outros também) desesperada a lutar contra uma barreira invisível que me permite enxergar meu objeto de desejo, mas cujo caminho para lá chegar não consigo distinguir. Saber o que queremos muitas vezes é difícil, mas uma vez que ultrapassamos esse obstáculo, descobrimos muitos outros pelo caminho. É muito mais fácil bater de cara no vidro do que descobrir um caminho que nos leve para onde queremos ir.


A mosca sumiu. Das duas uma: ou encontrou seu caminho, ou desistiu da vida.

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