quinta-feira, 8 de abril de 2010

Carta

Eu estou te vendo agora. Você pensa que não, mas eu estou. E reparando cada ínfimo detalhe que você pensa passar despercebido. Sabe aquela flor pequenininha que você desenhou no canto do caderno enquanto todo mundo copiava o enunciado do quadro? Eu vi. E vi também quando você limpou uma lágrima que escorreu do seu olho quando viu aquela imagem forte demais que o professor estava nos mostrando. Não se preocupe, ninguém mais viu sua fraqueza. Só eu. E sabe, não acho que seja mesmo uma fraqueza. Admiro muito essa sua sensibilidade. Você talvez não saiba, mas eu admiro muitas outras coisas em você. É verdade. Ah, e agora você está sorrindo. E não é pra ninguém em particular ou de alguma coisa que tenha visto. Eu sei que não é nada disso. Sei que você está sorrindo pra si mesma. Porque está feliz consigo mesma. É a sua piada interna. Adoro isso em você. Também adoro o jeito como você escreve freneticamente num caderninho enquanto todos estão fazendo outra coisa. O que eu não sei é o que você escreve, mas imagino que coloque todos os seus pensamentos ali, pra esvaziar um pouco sua mente cansada. Porque eu vejo o seu ar de cansada quando fica muito tempo quieta olhando pela janela ou para algum canto na parede. Sei que nesses momentos você divaga, viaja por vários lugares e pensa muitas, muitas coisas, e sente também, muitas coisas. E isso te cansa. Pensar e sentir. Não é problema nenhum, sabe. Acho que todo mundo se cansa disso também. Mas cada um tem um jeito de lidar com a própria alma cansada. E você lida com ela escrevendo no seu caderninho. Você agora deve estar vermelha lendo tudo isso (e saiba que você fica linda assim, envergonhada, embora eu prefira quando você se sente à vontade); mas não se preocupe, seus segredos estão a salvo comigo. Não vou espalhá-los por aí. E se você tem medo de mim porque eu sei tudo isso de você, não tenha. Não precisa ter medo de mim. Só... fique feliz. Porque eu gosto quando você fica feliz. Eu gosto de você do jeitinho que você é. Assim, tão doce, e às vezes tão triste; mas sempre misteriosa. E se você estiver se perguntando porque eu resolvi te dizer tudo isso... bem. Acho que eu não podia mais conter tudo isso dentro de mim. Por mais que eu seja capaz de guardar muitas coisas bem escondidas, isso eu já não queria mais guardar. Por isso estou compartilhando com você. Espero que não se importe.
M.

Um comentário:

Sam disse...

Que liiindo!!!
Adorei a carta! Quero mais detalhes depois!!!

=D